quarta-feira, 27 de agosto de 2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ainda pode descer


Estive há dez minutos atrás da varanda
do meu quinto andar,
a observar a cúpula invisível entre o
céu e o enorme lego de betão
e a sentir-me um inquilino passageiro
desta pensão de uma estrela
perdida na imensa cidade negra a que
damos o nome de universo,
curiosamente parece que é o único
sítio que temos para passar a longa
noite que nos espera.
E é aí que eu saio para apanhar a
frequência,
Como que a comer um ponto
e a cagar um verso
no meu prisma, a encaixar,
provavelmente no de outros feito um
filósofo de merda.
Mas a vida é isso mesmo, um monte de
gente a fazer de conta que se entende
e ninguém sabe dizer o que viveu;
e por isso nos pedem que caminhemos
alegres para o precipício, sem
questionar,
porque estaremos sempre longe. mas
longe rapidamente fica perto
e perto rapidamente passa por nós. eu
não quero mandar-te para baixo,
mas eu sei que me entendes, tu também
tens medo de morrer,
toda a gente tem, só que normalmente
evocamos nomes de problemas
para nos convencermos que estamos
ocupados a resolver uma situação
importante
quando não tem importância nenhuma.
Entretanto o tapete rola
e nós irritamo-nos com a
inevitabilidade, e nos nossos sonhos
dizemos:
-torna-me imortal! torna-me imortal!
eu não vou aguentar deixar de existir!
E é aí que eu entro para sair da
frequência, seduzir-te com os meus
sonhos,
tu não vês como empreendo? e como eu
mais um milhão de sonhadores leva com
ele muitos braços de outros,
acéfalos, na lotaria dos ideais,
descrentes, beijando o número do
bilhete.
Mas quero dizer-te que a viagem é tua,
e eu não quero empurrar-te à força para a rua.
se eu falhar eu vou passar de deus a
carrasco, embalsamado e metido dentro
de um frasco,
para te lembrares da mentira, mas a
verdade é que ganhamos sempre.

Manel Cruz (Foge Foge bandido, ex vocalista Ornatos violeta)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

I lost something on the way to wherever I am today


O primeiro raio de sol que consegue espreitar por entre as nuvens espessas desse dia encontra um cadaver sobre as cordas da guitarra, a arma numa mão e o mundo inteiro na outra.

Este homem perdeu alguma coisa no caminho, não sabe o quê

Na infancia ele proprio se sentiu algo no meio do caminho, algo que atrapalha

Dor, angustia, revolta, solidão, morte era tudo o que transportava

A janela aberta deixa entrar a brisa matinal que dá conta da existencia de um folha de papel no meio do chão, na ultima linha consegue-se ler:

Eu amo-te, por favor continua, pela nossa filha, pela sua vida, que será muito mais feliz sem mim.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar

Dá-me Lume - Jorge Palma

Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha som
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar

Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo á mão de semear
Mostrei-te a oigem do bem e do reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro e o paraíso no teu olhar

Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-se até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas há tanto tempo a acenar

Eu tinha o espirito aberto
Ás vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar

Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse critico de arte
Havia de declarar-te
Obra prima á escala mundial
Mas não passo de um homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar

terça-feira, 19 de agosto de 2008

In my hands


Tenho a vida a desenrolar-se na palma da mão
construo um exército junto ao polegar para que parta á conquista da felicidade
dou-lhe um mapa traçado pela cigana que lê a sina
vejo a face de quem sempre sonhei junto ao indicador
castelos de sonhos erguem-se por entre os dedos
tenho tudo o que sempre quis nas palmas das minhas mãos
mas dou conta que tenho as mãos atadas...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Colorful Dreams


O prazer de sonhar
é deixar-se levar na idealização de alguem perfeito
a imaginação que voa
construindo momentos em slow motion e com banda sonora
criados sob a aura do arco iris
desenhado pelo teu encantamento.

In my place